Quando pensamos em casamento vem-nos à ideia uma série de lendas ou superstições e apostamos que a vocês também!  Há quem pense que nestes assuntos “mais vale prevenir do que remediar” e por isso queremos partilhar convosco algumas delas. 

 

Comecemos pelos Ovos de Santa Clara. Este nome diz-vos alguma coisa? E como assim, ovos? Adiantamos já que não são para comer! 

 

Continuando numa de ditos populares ouve-se muitas vezes que “casamento molhado, casamento abençoado”, mas a verdade é que a maioria dos casais dispensa de bom grado esta bênção e é nessa sequência que surge esta tradição! Mas comecemos pelo princípio.

 

Quem é Santa Clara?

 

Dizem que quando a mãe desta santa estava grávida, ela afirmava: 

 

– A minha filha vai chamar-se Clara, pois iluminará o mundo.

 

Na juventude, ela conheceu São Francisco de Assis e fundou a ordem de freiras Clarissas.

 

Diz a lenda que Santa Clara gostava de fazer doces com claras de ovos no convento. Durante a sua infância, quando aprendeu a cozinhar, os seus doces preferidos eram estes, pelo que levou esse gosto consigo para o convento.  Alguns serviam para alimentar as freiras, mas a maioria era vendida na aldeia para ajudar os pobres. Infelizmente surgiu uma praga que matou as galinhas e por isso os ovos deixaram de existir naquela zona.

 

Diz-se que Santa Clara ficou muito triste e rezou para que Deus enviasse uma solução. Naquele momento, bateu à porta do convento um grupo em carroças, cheias de pessoas e galinhas, vindas de Espanha, que disseram: 

 

– Por favor, ajude-nos! Dê-nos abrigo, pois a nossa aldeia inundou, não pára de chover lá. Temos galinhas e ovos para oferecer em troca.

 

Santa Clara aceitou a proposta e aquelas pessoas encheram a sua cozinha de ovos.

 

Então rezou: 

 

– Meu Deus faça com que pare de chover na cidade deste povo! 

 

Santa Clara fechou os olhos e a chuva parou. Avisou-os que poderiam ficar o tempo que desejassem, mas que a chuva já tinha parado e as águas que invadiram as suas casas desapareceriam em quinze dias. Santa Clara explicou que se a enchente voltasse a prejudicar a aldeia, era preciso que estes mesmos moradores lançassem ovos para o telhado e fizessem uma oração, pensando em Deus e naquele humilde convento.

 

Terá sido daqui que surgiu a tradição de oferecer ovos a Santa Clara para que esta ajude a que não chova no dia do casamento. 

Em relação à forma como o processo deve ser feito, existem no entanto algumas discrepâncias nas histórias; Há quem diga que o número de ovos a oferecer deve corresponder ao dia do casamento, isto é, se casar no dia oito deve oferecer oito ovos, se o casamento acontecer no dia catorze, deve ser esse o número de ovos oferecidos, e por aí adiante. Mas há também quem afiance que este não é tema para forretices e que quantos mais ovos se levar, melhor! Há ainda quem diga que devem ser sempre doze.

 

Quanto a quem oferece, por vezes é referido que não deve ser a noiva, mas sim outra mulher amiga e próxima da família a fazê-lo. E até quanto à origem dos ovos – terão de ser caseiros? – e à antecedência com que se devem dirigir à Santa existem algumas discordâncias, mas a verdade é que “o seguro morreu de velho” e a tradição lá vai perdurando! 🙂

 

Queremos saber, colocariam em prática esta tradição? Acreditam nesta lenda e acham que mais vale mesmo prevenir que remediar ou não são dados a estas coisas?