A troca de alianças é um momento incontornável na cerimónia de casamento e é quando a união começa a ser selada: os noivos ou noivas olham-se nos olhos, sente-se o amor no ar e todos fingimos que não vemos quando, quase inevitavelmente, um dos anéis não entra no dedo e o recetor lá tem de dar uma ajudinha. E optamos por ignorar essa situação porque, independentemente de a troca de alianças ser fluída ou não, é um momento único para os noivos e nada mais importa senão os votos que estão a ser trocados.
Mas como começou esta parte da cerimónia com todo o simbolismo que lhe está associado?
Não existe uma única origem e, segundo registos históricos, esta é uma das tradições de casamento mais antigas! Tanto o material de que as alianças são feitas, como o local onde são colocadas têm vindo a evoluir com a própria Humanidade, quase desde os seus primórdios.
Julga-se que a mais antiga cerimónia deste estilo data dos tempos pré-históricos, em que os Neandertais atariam o pé da mulher com uma corda para impedir que a sua alma (ou a própria mulher) fugisse. Depois da cerimónia, a corda passaria para o dedo e a mulher ficaria “atada” ao homem dessa forma.
Outra hipótese, um pouco mais bonita e bastante melhor documentada, vem do Antigo Egipto, onde os simbolismos e superstições tinham um grande papel para o funcionamento da civilização em si.
Neste caso, o anel simbolizava a eternidade, já que a forma circular não tem princípio nem fim. Para os Egípcios, até o espaço interior do anel era de grande importância, pois era considerado um portal para o desconhecido. Assim a troca de alianças num casamento significava o amor eterno do casal, sobretudo pelo facto de o anel ser colocado no quarto dedo da mão esquerda.
Não é por acaso que este dedo se chama “Anelar”! Mas porquê especificamente este dedo e esta mão? Não poderia ser o polegar, o mindinho ou qualquer um dos outros?
A resposta é científica! Bem, mais ou menos, tendo em conta que já foi desacreditada (magia da evolução da ciência) mas era no que se acreditava nestes tempos: tantos os Egípcios, como os Romanos e os Gregos, pensavam que o dedo anelar esquerdo tinha uma veia que ligava directamente com o coração, chamada a “Vena Amoris”, que significa “Veia do Amor”. Assim, quando o casal trocava alianças e as colocava neste dedo, estaria a ligar-se directamente ao coração da pessoa amada.
As primeiras alianças eram feitas a partir de um entrançado de juncos e cannabis. No entanto, como estes materiais eram pouco resistentes e não duravam muito, começaram a ser substituídos por outros mais fortes, como por exemplo cabedal, osso e até marfim.
Passemos agora para os Romanos, que eram, de forma geral, um pouco menos românticos. Neste caso o homem presenteava a mulher com um anel como um símbolo de posse, para mostrar a todos os outros que ela lhe pertencia e a mais ninguém. Ao contrário do que acontecia com os Egípcios, a maioria das alianças da Roma Antiga eram gravadas com imagens ou frases e feitas em ferro. Em casos mais raros, na classe alta, também podiam ser oferecidos anéis de ouro e prata: quanto mais precioso o material do anel, maior a prova de amor e a ostentação de riqueza e status, o que era da maior importância naquela época.
Todas estas trocas de anéis para marcar o enlace de duas pessoas ocorreram muito antes de esta prática ser adoptada pela Igreja Cristã, no formato a que nos acostumámos hoje em dia! Na verdade, foi apenas no século IX que esta tradição se iniciou nos casamentos Cristãos, com anéis simples em ouro ou prata para simbolizar a união dos espíritos.
A Igreja Cristã deu também o seu cunho quanto à questão do dedo em que o anel é usado. Quando esta parte da cerimónia foi integrada, pensa-se que seriam os Padres a colocar o anel e que, começando no polegar, tocariam nos três dedos dizendo “Em nome do Pai,” (polegar), “do Filho” (indicador) “e do Espírito Santo” (dedo médio), terminando com “Ámen” e pondo o anel no quarto dedo.
Uma curiosidade que gostaríamos também de apontar é que, nos Estados Unidos e Canadá foi apenas após a Segunda Guerra Mundial que começou a existir uma troca de alianças. Até então, qualquer tipo de jóia era considerada um adorno feminino e, por isso apenas as senhoras usavam anel para assinalar o seu casamento. Com a partida de muitos homens para a guerra e a separação inerente das suas esposas, muitos sentiram a necessidade ter algo físico para os ajudar a manter viva a memória de quem deixaram para trás. Assim, pôs-se de lado o preconceito e as alianças passaram a ser uma realidade para todos os géneros, também nestes países.
Apesar de todo o caminho que a Humanidade percorreu, as alianças continuam a ter um papel fulcral nos casamentos e os materiais que as constituem hoje em dia são os mais variados, embora por norma sejam algum tipo de metal precioso como o Ouro (amarelo ou branco), a Prata, o Titânio ou o Ferro.
A sua importância estará, possivelmente, no facto de a aliança ser uma recordação física e constante da ligação entre duas pessoas. E se o coração não esquece, também é verdade que ter algo para ver e sentir é reconfortante, sobretudo em situações de distância.
Nós adoramos descobrir estas histórias e ver como tradições com milhares de anos evoluem para chegar até aos dias de hoje. E vocês? Já estão a sonhar com as vossas alianças?
Muito bom. Adorei,bem escrito e interessante o facto de fazerem pesquisa sobre as tradições.
Muito obrigada pelo feedback, Idália! Também adorámos escrever este artigo!